Canções Cartográficas
“Eu, aquele estranho”, por Lucas Luiz
strongI/strong
O topo do Vale é alto
amp; todo mundo fala alto
no topo do Vale
deve ser pela proximidade
com o céu:
— quem é que não quer
ser ouvido por Deus?
nbsp;
strongII/strong
strong p/ Gê/strong
O Itaoca vive
à espreita
entre o Itapema
amp; a Freguesia
Mas toda tarde
espia o Pau D’alho
com rabo dos olhos,
feito gato
querendo atenção
só aparece
quando tem vontade…
nbsp;
strongIII/strong
O bairro do Itapema
é calmo amp; tão simples:
parece escrito
por Manoel de Barros…
strong /strong
strongIV/strong
strong p/ Claúdio Gargano/strong
Ipiranga é o velhinho
que dorme sentado
na rodoviária
amp; só acorda para
discutir futebol
strong /strong
strongV/strong
strong p/ Ramon Capivara/strong
Pelo Nogueira
Santo Antônio
desce a ladeira
nos dias sem casamento
ou todos os dias de bebedeira
strong /strong
strongVI/strong
strong p/ Hélio Neto/strong
No bairro do Luís Carlos
a vida é encruzilhada
duma avenida só…
strong /strong
strongVII/strong
Pau D’alho
o ano inteiro
não emplaca
nbsp;
não demora
amp; acaba virando dj
nas noites
melhores
do alto tietê…
strong /strong
strongVIII/strong
A finitude
das mãos
é o enfeite
mais caro
da cidade natal…
strong /strong
strongIX/strong
Seu Doca
criou raiz
amp; ninguém mais
é capaz de lembrar
o que vinha antes:
nbsp;
quem nasceu
primeiro
o ovo
a galinha
ou o armazém
do Seu Doca?
nbsp;
por Lucas Luiz, jovem escritor guararemense (a href=http://luscaluiz.blogspot.com/luscaluiz.blogspot.com/a)